Com a aproximação das eleições municipais, o presidente Lula (PT) busca construir estratégias para influenciar os rumos das disputas, com um foco particular em duas capitais de relevância política e com cenários semelhantes: Rio de Janeiro e Recife. O presidente tem se empenhado pessoalmente em convencer o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o prefeito João Campos (PSB) a aceitarem a indicação de um vice do PT, embora essa possibilidade seja improvável.  

O interesse surge principalmente porque ambos os prefeitos devem deixar seus mandatos antes do término para concorrer ao governo do estado em 2026, o que representa a possibilidade de o PT assumir duas importantes prefeituras “de bandeja”. Sem nomes competitivos para concorrer nas principais capitais neste ano, o foco do partido está em crescer nas câmaras municipais, já pensando em 2026, e aproveitar as oportunidades em campanhas de partidos de sua base, como é o caso do PSD e PSB, assim como ocorre em São Paulo, onde refiliou Marta Suplicy ao PT para ser vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL).  

No entanto, diferente do que acontece na capital paulista, onde o cenário é de disputa acirrada, no Rio e em Recife, Lula esbarra no amplo favoritismo de Paes e Campos à reeleição e encontra, nas duas capitais, as mesmas dificuldades. Os dois prefeitos estão em situação confortável na campanha, com excelente aprovação de seus governos (Campos é o prefeito mais bem avaliado entre as capitais do país, com 81% de aprovação) e a máquina da prefeitura a favor, deixando pouca margem para negociação com o PT.  

Além do favoritismo, o fato de os dois prefeitos terem pretensão de concorrer para o governo de seus estados faz com que ambos fiquem inseguros em entregar a prefeitura para outro partido em 2026, perdendo o controle sobre suas zonas eleitorais, e optem por chapas “puro-sangue”, com pessoas de confiança.  

Em Recife, existe uma disputa pelo posto dentro do próprio PT, entre o deputado estadual Carlos Veras e o ex-vereador Mozart Salles, mas João Campos deve seguir com sua atual Secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, que se filiou, sem alarde, ao PSB, na semana passada. Já no Rio, depois de muito se ventilar o nome da atual Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (PT), e ela ter seu nome descartado durante o evento de filiação, o presidente Lula tenta indicar André Ceciliano, secretário de Assuntos Federativos da Presidência, ou Adilson Pires, atual Secretário Municipal de Assistência Social. No entanto, o prefeito Eduardo Paes deve escolher o amigo de longa data e atual deputado federal, Pedro Paulo (PSD).  

Mesmo sem conseguir indicar os vices no Rio e em Recife, é esperado que o PT tenha bom crescimento nas respectivas câmaras municipais e que, com as atuais negociações, o partido consiga ainda mais espaço, com pastas mais relevantes, dentro das prefeituras no próximo mandato. 

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